A página violada:
da ternura à injúria na construção do livro de artistaPaulo Silveira
18 x 25 cm, 320 páginas, 2001.
Ilustrado a cores.
ISBN 85-7025-585-3
Financiado pelo Fumproarte/Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre.
A obra examina a instauração da categoria do livro de artista (incluindo o livro-objeto) a partir dos trabalhos de alguns de seus principais pesquisadores e da análise de obras de artistas nacionais e internacionais. O livro de artista é um produto da arte contemporânea, construído deliberadamente a partir de um suporte preexistente, o livro, que é o seu protótipo, e ao qual louva ou faz contraposição crítica. A página e a estrutura podem ser enaltecidas ou sofrer todas as possibilidades de injúria e objeção, até alcançarem o estatuto da escultura e abandonarem a condição objetiva de livro. O autor propõe que as gradações percebidas não só podem como devem ser instrumentos da conceitualização e caracterização da obra e da categoria na qual ela se insere, desde certos exemplares do livro ilustrado até todo e qualquer livro-objeto. São apresentadas cerca de duzentas obras através de mais de seiscentas imagens, que também incluem eventos e documentos, a maioria delas coloridas e originais para este trabalho.
A publicação do livro contou com financiamento da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre, através do Fumproarte, Fundo Municipal de Apoio à Produção Artística e Cultural.
Texto das orelhas
A categoria artística que reúne o livro de artista e o livro-objeto foi construída no século 20 da relação mútua entre artistas e teóricos, e de ambos com a herança das conformações preexistentes do livro comum e de suas variações. A página violada: da ternura à injúria na construção do livro de artista, de Paulo Silveira, estuda a designação unificadora “livros de artista”, a partir de um exame da identidade dessa produção e de seus conflitos.
Na arte que se expressa através ou por causa do livro, a busca de rupturas aos modelos ou a apropriação de conformações consagradas geram problemas plásticos particulares. São produtos ora totalmente textuais, ora ágrafos, variando desde pequenos folhetos até cepos e tijolos. A página violada introduz, assim, dois problemas formadores (ou conformadores) do livro de artista: a crítica das configurações físicas estabelecidas e a crítica do ato da leitura. A categoria é composta por um grande, variado e algumas vezes agressivo conjunto de obras, que freqüentemente tematizam sua condição, exercitando o comentário de sua própria identidade e de sua circunstância.
Paulo Silveira relativisa a pressuposição de que trabalhos pertencentes a uma mesma categoria devam possuir extrema similitude. Pelos seus insumos materiais e pela sua variedade temática, ela é uma categoria mestiça, instaurada a posteriori a partir da apropriação de objetos gráficos de leitura. A sua imprecisão de limites deve ser aceita como uma bem-vinda característica.
A maioria dos trabalhos comentados é produto dos anos 90, de preços acessíveis e fáceis de adquirir, mas também foi considerada parte da produção anterior, já abrigada em museus e coleções, estabelecendo, assim, uma relação com alguns de seus predecessores. O estudo é acompanhado de ilustrações com obras brasileiras e internacionais, na sua maioria reproduzidas pela primeira vez em estudos brasileiros. O texto também é seguido de entrevistas e de referências bibliográficas parcialmente comentadas, oferecendo ao leitor caminhos para a continuidade de sua própria curiosidade, buscando a cumplicidade ao fetiche do livro artístico.
Texto originalmente publicado no blog Arte & Alternativas.
Você pode adquirir o livro "A página violada" de Paulo Silveira, que estará entre os dias 07 e 09 de Julho ministrando seminário sobre o tema, como parte das atividades do projeto ARTES VISUAIS: REFLEXÃO E PRODUÇÃO, aqui.
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